6 de mai. de 2012


Rio São Francisco



O rio São Francisco serpenteia entre paredões rochosos e abre espaços para o turismo no semiárido nordestino.
FOTO: FERNANDO BRITO


O Rio São Francisco nasce nas entranhas da Serra da Canastra, em Minas Gerais, e ganha em volume com a chegada dos afluentes até desaguar no Atlântico. No meio do caminho, traz vida para o Nordeste brasileiro e oferece mais um presente à região: o turismo navega em suas águas.
O homem busca o progresso. A natureza resiste, se transforma, oferece novos cenários, incríveis espetáculos. Na construção da Hidrelétrica do Xingó, considerada a terceira maior usina hidrelétrica nacional, os dois alcançaram o consenso. O Rio São Francisco mudou seu desenho, a geografia decorou-se para o turismo.
Onde antes o Velho Chico serpenteava, formando corredeiras e cachoeiras, num ambiente hostil e leito inavegável, o cenário mudou. Brotou da construção da hidrelétrica o lago do Xingó, que permite ao homem singrar pelas águas do Rio São Francisco num trecho paradisíaco do quinto maior cânion do mundo.
A construção da barragem da Hidrelétrica do Xingó deu origem a um reservatório com 65 quilômetros de extensão em pleno semiárido nordestino. As corredeiras do rio deram lugar a águas calmas e navegáveis, viabilizando inesquecíveis passeios de catamarã, lancha ou escuna num labirinto de imensas formações rochosas, que inspiram respeito e admiração ao contemplá-las.
Alagoas e Sergipe dividem este presente com o turismo. Melhor dizer que se irmanam para colher os frutos da chegada dos turistas de todos os cantos, que se rendem ao cenário. A paisagem é deslumbrante. A natureza se revela plena de beleza. O visitante agradece e percebe que é possível o progresso sem abrir mão da perfeita criação.
Antes ou depois de percorrer o Cânion do Xingó, o turista tem a oportunidade de conhecer Piranhas, que fica a 12 quilômetros. A Lapinha do Sertão oferece arquitetura preservada, delícias à mesa, riqueza em arte e cultura e o principal: histórias e lendas do cangaço. Afinal, foi o ponto de partida para o cerco que exterminou o bando de Maria Bonita e Lampião, o Rei do Cangaço.


Turismo nas águas do Velho Chico

O ponto alto do passeio no Cânion do Xingó é a visita à Gruta do Talhado, que se completa com o banho nas águas esverdeadas do Rio São Francisco.

Num de seus muitos sucessos, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, diz que "o Rio São Francisco vai bater no mei´ do mar", referindo-se ao longo percurso do rio até desaguar no Atlântico. Pelas mãos do homem, o Velho Chico ganhou novos contornos. Permanece em seu caminho eterno, mas ganhou coadjuvantes em sua história entremeada com a vida no Nordeste brasileiro. Hoje, é o turista que vai bater no mei´ do agreste para inesquecíveis passeios nas águas calmas do rio.
A divisa dos Estados de Alagoas e Sergipe é o destino. Ali, a construção da barragem da Usina Hidrelétrica do Xingó deu origem a um reservatório com 65 quilômetros de extensão no meio do agreste nordestino. O Cânion do Xingó é o quinto maior do mundo e o maior em extensão navegável, com águas verdes e transparentes. A profundidade é de até 170 metros, enquanto a largura varia entre 50 e 300 metros.
A produção de energia elétrica era o único objetivo. Mas, eis que a nova geografia abriu caminhos de águas para o turismo. Navegar pelo Rio São Francisco deixou de ser apenas uma aventura. Virou puro lazer. E o turista não para mais de chegar.
O passeio começa na margem sergipana no Rio São Francisco. É do ancoradouro junto ao restaurante flutuante Karranca´s que partem os catamarãs Padre Cícero, Delmiro Gouveia e Rio do Cangaço ou a escuna Maria Bonita para a viagem pelo rio, num percurso com duração de três horas, sendo uma hora para banho. Quem preferir, segue em lanchas.
São oferecidos oito passeios diários de terça a domingo. A embarcação avança pelo cânion e o turista confere uma paisagem deslumbrante e sedutora. Chamam atenção, inicialmente, monumentos esculpidos pela natureza em formações rochosas, como a Pedra do Gavião, o Morro dos Macacos e a Pedra do Japonês.
O passeio continua e os navegantes cruzam com outras embarcações, como uma histórica e colorida canoa de tolda, e contemplam bem estruturados pontos de apoio às margens do rio. Ninhais de garças e ilhas fluviais completam o espetáculo.
Durante a navegação, com direito a trilha sonora que ressalta a beleza do rio, vem à mente a lembrança de que em algum momento da vida, o viajante, principalmente se for um nordestino, já ouviu falar do Velho Chico. Mas, só percorrendo suas águas para se dar conta de sua grandiosidade. Daí ser chamado, também, de Rio da Integração Nacional.
Tamanha beleza levou a Rede Globo a utilizar o cânion como cenário para muitas cenas da atual novela das seis da emissora, Cordel Encantado, que aborda a história do cangaço e o amor ardente entre nobres e plebeus às margens do São Francisco.