15 de mar. de 2011

Parentes de mortos ainda aguardam liberação de corpos no IML- PE

A tarde desta terça-feira (15) foi de angústia para dezenas de pessoas que esperavam a liberação dos corpos dos parentes no Instituto de Medicina Legal (IML). Como os médicos legistas estão trabalhando em operação-padrão, ou seja, em ritmo mais lento para protestar às más condições de trabalho no IML, apenas dez corpos foram liberados ao longo do dia. Outros 29 corpos ainda aguardam a liberação, situação que pode ser agravada com a chegada dos corpos durante a noite e a madrugada.

Um caminhão frigorífico chegou ao IML no final da tarde. De acordo com o presidente da Associação Pernambucana de Medicina e Odontologia Penal (Apemol), Carlos Medeiros, o veículo será usado para acomodar os corpos não necropsiados.

Ele também informou que a operação-padrão — iniciada na semana passada e que consiste em exames mais detalhados e que demoram mais tempo para ser feitos, provocando o acúmulo de corpos — vai continuar.

A Promotoria de Saúde do Ministério Público de Pernambuco vai encaminhar à Secretaria de Defesa Social um ofício para que, no prazo de cinco dias, medidas emergenciais sejam colocadas em prática no IML.

ENTENDA O CASO
No setor de necropsia do IML, são feitos exames para descobrir as causas da morte de vítimas de crimes, acidentes ou de quem foi encontrado morto sem sinais de violência. Desde a última segunda-feira (14), o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) decidiu que os médicos legistas não devem mais fazer as necrópsias e liberar os corpos com "causa da morte indeterminada", devido às más condições de trabalho no IML.

Imagens feitas por um cinegrafista amador mostram alguns azulejos arrancados e o piso estragado no IML. De acordo com os médicos legistas, o equipamento de raio-x quebrou e por isso a sala está fechada. Eles disseram ainda que falta bisturi para fazer as necrópsias e que estão usando equipamentos inadequados. Outra dificuldade apontada por eles é que não existe a maca de rodas para levar os corpos até a mesa de exames. Os médicos denunciam também que o prédio não tem sistema de refrigeração e de exaustão de odores, o que torna o ambiente insuportável.

O secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, afirmou que as denúncias contra o IML não são completamente verdadeiras. "Essas denúncias são improcedentes. O raio-X funciona, existem macas e tem material de trabalho. Essas imagens foram feitas no fim de expediente, no momento em que as perícias terminaram e que o local precisa de uma assepsia", disse.

Em relação as imagens que mostram corpos no chão, o secretário garantiu que o problema será investigado. "Nós temos os locais para armazenamento adequado. Temos as gavetas e as geladeiras. Esse problema será investigado pela própria SDS, através de sua Corregedoria", garantiu.

Damásio informou ainda que serão investidos R$ 2 milhões na reforma do IML e que as obras serão iniciadas dentro de 90 dias. Ele ainda se comprometeu em visitar a sede do Instituto, quando o serviço no local for normalizado.

http://pe360graus.globo.com