Há quem diga que os cães estão cada vez mais parecidos com os seus donos, mas essa aproximação demasiada vai além da graça de encontrar semelhanças entre bichos e humanos e pode não fazer nada bem à saude animal. Pets comendo comida de gente, como pão, sorvete e pipoca vêm se tornando situações corriqueiras e evidenciam o exagero nos mimos dos proprietários. Muitas vezes, na melhor das boas intenções, donos de animais incluem hábitos na rotina dos seus mascotes que acabam se revelando pouco saudáveis.
Foi o que ocorreu com a cadela Mocinha, uma poodle de quatro anos, que acabou passando mal após ingerir um pedaço de carne. Segundo Emily Rivera, 37 anos, médica e dona da cadela, o animal vomitou no domingo e ainda teve febre. "Ela só come ração, mas quando acontece de comer outra coisa, acaba passando mal".
O médico veterinário Rogério de Holanda conta que praticamente todos os dias atende animais vítimas de intoxicação alimentar. Segundo ele, a primeira providência a ser tomada é levar o animal ao veterinário e observar a frequência dos vômitos. "Nesses casos o dono não deve dar água em grande quantidade e nem comida. Deve ser feita uma hidratação em pequenas doses, de dois ou três goles por vez.
"Outro causador comum de intoxicações é a ração estragada, responsável por 40% das causas do nosso atendimento. É desaconselhável comprar ração de sacos abertos, pois elas são altamente fermentativas e podem provocar vômito, baixar a imunidade e causar outras doenças". O veterinário enfatiza que é totalmente desaconselhável oferecer alimentos da dieta humana aos animais, pois eles possuem um organismo diferente do dos seres humanos. Cães adultos, por exemplo, podem levar de 12 a 18 horas para fazer a digestão.
Quando o animal chega na clínica com intoxicação, o primeiro procedimento é colocação de uma sonda gástrica, para que se faça um esvaziamento do conteúdo digestivo, além de hemograma, fluidoterapia e administração de medicações de acordo com cada caso.
Um produto muito utilizado nessas situações é o carvão ativado, um pó adicionado à água durante a lavagem estomacal. Ele funciona como adstringente, isolando a mucosa digestiva e evitando que elas captem mais toxina. Segundo Rogério, as ocorrências de intoxicação alimentar costumam se multiplicar após os fins de semana e datas comemorativas, quando os animais tendem a ficar mais tempo com seus donos e mais suscetíveis a exageros alimentares.
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