29 de ago. de 2011

Caatinga



Caatinga

A caatinga, palavra originária do tupi-guarani, que significa “mata branca”, é o único sistema ambiental exclusivamente brasileiro. Possui extensão territorial de 734.478 de quilômetros quadrados, correspondendo a cerca de 10% do território nacional, está presente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e norte de Minas Gerais.

As temperaturas médias anuais são elevadas, oscilam entre 25° C e 29° C. O clima é semiárido; e o solo, raso e pedregoso, é composto por vários tipos diferentes de rochas.

A ação do homem já alterou 80% da cobertura original da caatinga, que atualmente tem menos de 1% de sua área protegida em 36 unidades de conservação, que não permitem a exploração de recursos naturais.

As secas são cíclicas e prolongadas, interferindo de maneira direta na vida de uma população de, aproximadamente, 25 milhões de habitantes.

As chuvas ocorrem no início do ano e o poder de recuperação do bioma é muito rápido, surgem pequenas plantas e as árvores ficam cobertas de folhas.


Aspectos da caatinga no período de chuva

A região enfrenta também graves problemas sociais, entre eles os baixos níveis de renda e de escolaridade, a falta de saneamento ambiental e os altos índices de mortalidade infantil.

Desde o período imperial, tenta-se promover o desenvolvimento econômico na caatinga, porém, a dificuldade é imensa em razão da aridez da terra e da instabilidade das precipitações pluviométricas. A principal atividade econômica desenvolvida na caatinga é a agropecuária. A agricultura se destaca na região através da irrigação artificial, possibilitada pela construção de canais e açudes. Alguns projetos de irrigação para a agricultura comercial são desenvolvidos no médio vale do São Francisco, o principal rio da região, juntamente com o Parnaíba.

Vegetação – As plantas da caatinga são xerófilas, ou seja, adaptadas ao clima seco e à pouca quantidade de água. Algumas armazenam água, outras possuem raízes superficiais para captar o máximo de água da chuva. E há as que contam com recursos pra diminuir a transpiração, como espinhos e poucas folhas. A vegetação é formada por três estratos: o arbóreo, com árvores de 8 a 12 metros de altura; o arbustivo, com vegetação de 2 a 5 metros; e o herbáceo, abaixo de 2 metros. Entre as espécies mais comuns estão a amburana, o umbuzeiro e o mandacaru. Algumas dessas plantas podem produzir cera, fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas.


Arara-azul

Fauna – A fauna da caatinga é bem diversificada, composta por répteis (principalmente lagartos e cobras), roedores, insetos, aracnídeos, cachorro-do-mato, arara-azul, (ameaçada de extinção), sapo-cururu, asa-branca, cutia, gambá, preá, veado catingueiro, tatupeba, sagui-do-nordeste, entre outros animais.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola


24 de ago. de 2011



Meningite

Meningite é a inflamação das membranas que revestem o encéfalo e a medula espinhal, conhecidas coletivamente como meninges. A inflamação pode ser causada por infecções por vírus, bactérias ou outros micro-organismos, e, menos comumente, por certas drogas. A meningite pode pôr em risco a vida em função da proximidade da inflamação com órgãos nobres do sistema nervoso central; por isso essa condição é classificada como uma emergência médica.

Os sintomas mais comuns de meningite são dor de cabeça e rigidez de nuca associados à febre, confusão mental, alteração do nível de consciência, vômitos e a intolerância à luz (fotofobia) ou a sons altos (fonofobia). Algumas vezes, especialmente em crianças pequenas, somente sintomas inespecíficos podem estar presentes, como irritabilidade e sonolência. A presença de uma erupção cutânea pode indicar um caso particular de meningite; a causada por bactérias do tipo meningococos.

Uma punção lombar pode ser usada para diagnosticar ou excluir um quadro de meningite. O procedimento envolve a inserção de uma agulha no canal medular para extração de uma amostra de líquor, o líquido que envolve o encéfalo e a medula espinal. O líquido coletado é, em seguida, examinado em um laboratório. O tratamento habitual para a meningite é a pronta administração de antibióticos e, por vezes, fármacos antivirais. Em algumas situações, corticóides podem ser usados para prevenir complicações da inflamação hiperativa. A meningite pode ter complicações sérias a longo prazo como epilepsia, hidrocefalia e déficit cognitivo, especialmente se não tratada rapidamente. Algumas formas de meningite, como aquelas associadas com meningococo, Haemophilus influenzae tipo B, pneumococo ou vírus da caxumba, podem ser prevenidas

através da vacinação.


inflamatorio purulento na base do cerebro causado meningitis.

Causas

A meningite é geralmente causada por infecção de vírus ou microrganismos. A maioria dos casos são devido à infecção com o vírus, com bactérias, fungos e parasitas sendo outras causas comuns. Também pode resultar de várias causas não infecciosas. O conhecimento da etiologia da meningite é fundamental para o tratamento adequado.

Bactérias


As bactérias são sem dúvida os agentes etiológicos mais importantes na meningite. Diversas espécies bacterianas têm capacidade de invadir a barreira hemato-encefálica, sendo que as mais importantes são:
  • Estreptococos beta-hemolíticos do grupo B: um grupo de cocos Gram positivos que causa meningite em recém-nascidos (crianças com menos de três mêses de idade)
  • Haemophilus influenzae: um bacilo Gram negativo responsável pela maioria das meningites em lactentes com 1 mês a dois anos de idade. Era o maior causador da meningite antes da instalação de programas de vacinação, que foram muito eficientes em reduzir esses casos.
  • Streptococcus pneumoniae: um coco Gram-positivo, o mesmo causador de pneumonias, que causa meningite em pacientes de todas as idades, principalmente em idosos e portadores do HIV.
  • Neisseria meningitidis: também conhecido como meningococo, esse coco Gram negativo causa meningites em todas as idades. É conhecido por ocasionar infecções em surtos, ou seja, grande frequência de infecções numa comunidade num curto espaço de tempo. Afeta comumente prisioneiros, recrutas militares e têm causado surtos entre os fiéis muçulmanos em sua peregrinação anual a Meca. Existem várias cepas imunológicas distintas do meningococo, porém os grupos A, B e C são os mais importantes.
  • Listeria monocytogenes: bacilo Gram positivo que causadora de meningite em idosos, portadores do HIV, transplantados, pacientes com câncer e imunossuprimidos, podendo também afetar crianças pequenas.
  • Agentes etiológicos menos comuns incluem: Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Klebsiella sp.

Vírus

Os vírus que podem causar meningite incluem enterovírus, vírus do herpes simplex tipo 2 (e menos comumente tipo 1), vírus varicela zoster (conhecido por causar a varicela e herpes zoster), vírus da caxumba, HIV e LCMV.

Sintomas

Febre, pescoço dolorido, pequenas manchas vermelhas na pele, vómito, convulsão.

Exames de sangue e de imagem.

Em uma pessoa com suspeita de meningite, exames de sangue para os marcadores de inflamação são realizados, por exemplo, a proteína C-reativa, hemograma completo, bem como as culturas de sangue.

O teste mais importante para identificar ou descartar a meningite é a análise do líquido cefalorraquidiano através de punção lombar (PL). No entanto, a punção lombar está contra-indicada se houver uma massa no cérebro (tumor ou abcesso) ou a pressão intracraniana (PIC) estiver elevada, pois pode levar a uma herniação cerebral. Se o paciente estiver em risco com uma massa, ou com uma PIC elevada (traumatismo craniano recente, algum problema conhecido do sistema imunológico, sinais neurológicos localizados, ou algum exame que evidencie PIC elevada), uma tomografia computadorizada (TC) ou uma ressonância magnética (RM) podem ser recomendadas antes da punção lombar. Isto aplica-se a 45% dos casos entre os adultos. Se a TC ou a RM é necessária antes da PL, ou a PL se revelar difícil, orientações profissionais sugerem que antibióticos devem ser administrados primeiro para evitar atrasos no tratamento, especialmente se o tempo da punção puder ser superior a 30 minutos. Muitas vezes, TC ou RM são realizados numa fase posterior para avaliar as complicações da meningite.

Nas formas graves de meningite, a monitorização dos eletrólitos no sangue pode ser importante, por exemplo, a hiponatremia é comum na meningite bacteriana, devido a uma combinação de fatores, incluindo a desidratação, a excreção inadequada do hormônio antidiurético (SIADH), ou excessivamente agressiva de administração de fluidos intravenosos

Tratamento inicial

A meningite é potencialmente fatal e tem uma alta taxa de mortalidade se não tratada;a demora no atendimento tem sido associada a um pior prognóstico. Assim, o tratamento com antibióticos de amplo espectro, não deve ser adiado, já que os exames confirmatórios estão sendo conduzidas. Se a doença meningocócica é suspeito nos cuidados primários, as diretrizes recomendam que benzilpenicilina ser administrada antes da transferência para o hospital. intravenosa de fluidos deve ser administrada se hipotensão (pressão baixa) ou choque estão presentes. Uma vez que a meningite pode causar uma série de complicações precoces graves, a revisão médica regular é recomendada para identificar essas complicações precoces, bem como a admissão a uma unidade de terapia intensiva , se necessário.

A ventilação mecânica pode ser necessária se o nível de consciência é muito baixa, ou se houver evidência de insuficiência respiratória. Se houver sinais de aumento da pressão intracraniana, medidas para controlar a pressão podem ser tomadas, o que permitirá a otimização da pressão de perfusão cerebral e vários tratamentos para diminuir a pressão intracraniana com medicação (por exemplo, manitol).As convulsões são tratadas com anticonvulsivantes. Hidrocefalia (obstrução do fluxo do CSF) podem exigir a inserção de um longo prazo dispositivo de drenagem ou temporária, como uma derivação cerebral.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Meningite



23 de ago. de 2011

Microorganismos

O que são microorganismos

Os microorganismos são uma forma de vida que não pode ser visualizada sem auxílio de um microscópio. Estes seres diminutos podem ser encontrados no ar, no solo, e, inclusive, no homem.

Contato com os seres humanos

Com relação ao seu contato com o homem, este pode ocorrer de forma positiva e indispensável à vida (bactérias nitrificantes) ou bastante negativa, neste caso, os efeitos prejudiciais à saúde, e, até mesmo à vida do homem, se dá pelo contato com microorganismos patogênicos (causadores de doenças).

Outras informações importantes

Estes seres tão minúsculos não são todos iguais, eles podem ser muito diferentes em tamanho e modo de vida. Contudo, todos têm em comum uma estrutura bastante simples e a impossibilidade de serem vistos sem o uso de microscópio.

O conhecimento deste tipo de vida se deu graças a descobertas ocorridas ao longo de muitos anos. O ápice destas descobertas ocorreu em 1878, quando Pasteur apresentou a "Teoria dos Germes", a partir daí, deu-se início a chamada Era Bacteriológica.

As pesquisas de Pasteur foram acompanhadas por um grande número de cientistas e médicos. Alguns deles, impressionados pelas descobertas, promoveram mudanças bastante significativas em seus métodos de trabalho.

Além dos microorganismos já identificados e classificados (bactérias, fungos, parasitas), havia uma outra categoria que só pôde ser observada após a invenção do microscópio eletrônico. Tratava-se de um ser de estrutura organizacional bastante simples e de existência já presumida: o vírus.

Somente após a invenção do microscópio, foi possível identificar uma grande variedade de seres vivos. A partir daí, eles passaram a fazer parte da classificação dos seres vivos em reinos.

Eles compõem o Reino Monera (seres unicelulares como bactérias e algas azuis), Protista (seres unicelulares como protozoários e algas eucariontes) e Fungi ( seres uni ou pluricelulares como fungos elementares e fungos superiores).

http://www.todabiologia.com


Energia Alternativa


A energia tem sido através da historia a base do desenvolvimento das civilizações. Nos dias atuais são cada vez maiores as necessidades energéticas para a produção de alimentos, bens de consumo, bens de serviço e de produção, lazer e para promover os desenvolvimentos econômicos, sociais e culturais. É assim, evidente a importância da energia não só no contexto das grandes nações industrializadas, mas principalmente naquelas em via de desenvolvimento, cujas necessidades energéticas são ainda mais dramáticas e prementes.

A estagnação das fontes convencionais é promovida de certa forma pela saturação de produção energética das hidroelétricas, ocasionadas a principio pelo movimento migratório; (êxodo rural), a ligação na maioria dos casos de redes clandestinas de energia, sobrecarregando dessa forma as linhas de distribuição e transformadores, gerando os não muito agradáveis "blecautes".

O termo fonte alternativa de energia não deriva apenas de uma alternativa eficiente, ele é sinônimo de uma energia limpa, pura, não poluente, a principio inesgotável e que pode ser encontrada e utilizada em qualquer lugar, pela grande variedade dos tipos de energia.

2. Energia Solar

A energia solar é a energia eletromagnética proveniente do sol, o total de energia solar, esta incide na superfície da terra, no período de 1 ano, é superior a 10.000 vezes o consumo anual de energia bruta da humanidade. A energia solar pode ser captada por coletores solares, estes armazenam o calor pelo aquecimento de fluídos (líquidos ou gasosos), e depois usa-se o calor gerado para produzir energia, sendo assim, nada descartado, pois o fluído não necessita ser substituído.

A expectativa é que esta forma de geração de energia elétrica atinja níveis comparáveis ao consumo mundial em torno do ano 2010. Os sistemas são bastante duráveis e precisam de pouca manutenção. Os módulos fotovoltaicos normalmente têm garantia de 20 anos e vida útil estimada em 30 anos. Os dispositivos eletrônicos (inversor, controlador de carga) têm vida útil superior a 10 anos. As baterias são consideradas o ponto fraco do sistema, mas quando este é bem projetado as baterias têm vida útil de 4 a 5 anos (baterias de excelente qualidade poderão durar 7 anos).

As necessidades de manutenção são mínimas: os módulos fotovoltaicos são normalmente mantidos limpos pela ocorrência natural de chuva, mas em locais de muito pouca pluviosidade podem necessitar de limpeza periódica; as baterias necessitam de reposição periódica (6 meses em média) de água destilada.

Em localidades remotas, que não contam com o fornecimento de energia elétrica através do sistema convencional ou em locais de difícil acesso à rede de energia, sistemas fotovoltaicos isolados podem ser utilizados. Nesta situação, a energia gerada pelos painéis deve ser parcialmente armazenada em bancos de baterias. A idéia aqui é que o excesso de energia elétrica gerada durante períodos de elevada irradiação solar ou de baixo consumo seja armazenada para utilização em períodos de baixa irradiação e durante a noite.

Para obter energia elétrica a partir do sol de forma indireta, constroem-se usinas em áreas de grande insolação (áreas desérticas, por exemplo), onde são instaladas centenas de espelhos côncavos (coletores solares) direcionados para um determinado local, que pode ser uma tubulação de aço inoxidável ou um compartimento contendo simplesmente ar, para gerar grande quantidade de calor, tendo assim um processo mais eficiente de geração de energia a partir do sol.

Nestes locais utilizam-se muito os painéis termo-receptores (possuem tubulação de metal sendo percorrida por água) para aquecimento doméstico da água, pois não necessita de energia e é um processo muito simples de montar. Também alguns protótipos de carros movidos à energia solar já rodam no Japão, na Alemanha e nos Estados Unidos, mas somente como experimentos a serem aperfeiçoados.

O Brasil se situa em segundo lugar, a nível mundial, quanto à energia solar incidente, e o Brasil foi o primeiro país do Terceiro Mundo a fabricar comercialmente a células fotovoltaicas, a partir do silício monocristalino, não se limitando à simples montagem dos painéis solares, evitando, assim, gastos com transporte e negociações de preço com países desenvolvidos. Para facilitar a disseminação dessa tecnologia no país, houve uma implantação de sistemas fotovoltaicos para gerar a energia necessária a estações de telecomunicações situadas em lugares remotos. Isto despertou o interesse de implantação de projetos análogos para o abastecimento de postos de saúde no Estado do Tocantins, e para a experimentação de centrais Elétrico-solares integradas pela CHESF (empresa de âmbito regional da Eletrobrás) e outras concessionárias do Nordeste.

3. Energia Eólica

--

País

Potência Instalada (MW)

01

Japão

205,3

02

EUA

117,3

03

Alemanha

89,5

04

Austrália

25,3

05

Itália

18,5

06

Suíça

13,4

07

México

12,9

08

Holanda

9,2

09

França

9,1

10

Espanha

9,1

A energia eólica é a energia cinética do ar em movimento (ventos), e é medida através de sensores de velocidade e direção do vento, denominados anemômetros, e captada através de turbinas eólicas.

De uma forma geral, grande parte do litoral brasileiro, em particular o da região Nordeste, apresenta velocidades de vento propícias ao aproveitamento da energia eólica em larga escala. No interior do país, em áreas montanhosas também se encontram diversos sítios propícios. A região Norte é a menos favorecida em relação à energia eólica.

Na prática, verifica-se que o recurso eólico apresenta variações temporais em várias ordens de grandeza como variações anuais (em função de alterações climáticas), variações sazonais (em função das diferentes estações do ano) e variações diárias (causadas pelo micro clima local), entre outras.

Aerogeradores, turbinas eólicas, geradores eólicos, máquinas eólicas e cata-ventos são os diversos nomes utilizados para as máquinas capazes de transformar a energia cinética dos ventos em energia mecânica ou em energia elétrica. O princípio de funcionamento baseia-se na conversão da energia cinética, que é resultante do movimento de rotação causado pela incidência do vento nas pás da máquina eólica. A energia eólica representa, hoje, o menor custo, entre todas as formas de geração de eletricidade e que seus custos encontram-se ainda em declínio.

A energia eólica, como energia cinética contida nas massas de ar, é proporcional ao quadrado da velocidade de vento, como não se possui intrinsecamente um meio de armazenar a energia cinética dos ventos, os sistemas eólicos agregam formas de estocagem da energia na sua forma de eletricidade, utilizando baterias de acumuladores (em sistemas de pequeno e médio porte) ou interligando-se com o sistema de energia elétrica convencional, em sistemas de grande porte.

3.1. Tipos de turbinas

Turbina eólica (três hélices): São as mais utilizadas, trata-se de um sistema com grandes palhetas auto-ajustáveis de acordo com a posição e velocidade do vento, composta de um gerador interno e um sistema de frenagem o qual controla a velocidade para que esta não venha a danificar o equipamento. Possuem modelos de geração de 1kw/10m até 500kw/50m de altura. São ótimas para médios e grandes sistemas de geração.

Turbina Darrileus: Sistemas formados por duas ou três lâminas torcidas em forma de arco, colocadas na vertical, ligando a base ao topo da turbina, e giram em torno do seu próprio eixo. São comuns em regiões da Europa.

Turbina Sarvonius: São no formato de duas conchas colocadas de lado uma da outra em posição contraria, e ligadas onde se encontram num eixo vertical, interligado em dois mancais rotativos. Também de pouco uso, mais utilizada em pequenos sistemas de medição anemográfica.

4. Biomassa

4.1. Biogás

O biodigestor é um sistema utilizado para a produção de gás natural (Metano - Ch2), através de um processo anaeróbico na degradação de polímeros orgânicos derivados de matéria biodegradável, resíduos alimentícios, esgoto, substrato da cana-de-açúcar, vinhaça, esterco orgânico e demais materiais biodegradáveis. Em países europeus e asiáticos, por exemplo, desenvolve-se a técnica da produção de biogás na eliminação de resíduos de esgoto.

O sistema consiste de um Biodigestor, equipamento este feito em alvenaria e localizado a alguns metros abaixo da terra, possui uma câmpula por onde sai o gás, uma entrada de material e uma saída de emergentes, que na verdade é adubo químico de ótima qualidade. O gás produzido tem suas aplicações na iluminação, uso em fogões, geladeiras e motores de ciclo-otto.

Em geral elas são energias "limpas", isto é, que não produzem poluição e nem se esgotam e, pelo contrário, até podem contribuir para eliminar parte da poluição devido ao uso produtivo que fazem de detritos.

4.2. Álcool

O álcool pode ser produzido a partir de várias plantas, tais como cana-de-açúcar, beterraba, cevada, batata, mandioca, girassol, eucalipto, etc. Como fonte de energia, pode ser utilizado para movimentar motores de veículos (álcool etílico: cana-de-açúcar; ou metanol: eucalipto) ou para produzir energia elétrica a partir da queima desse produto.

Como combustível para automóveis, o álcool tem a vantagem de ser uma fonte renovável e menos poluidora que a gasolina, além de no caso brasileiro, ter possibilitado o desenvolvimento de uma tecnologia 100% nacional. Apesar disso, a produção de álcool não supre a necessidade total de combustível dos veículos automotores.

4.3. Lenha e carvão vegetal

Sua importância diminuiu muito nos países industrializados em virtude de seu baixo poder calorífico e da devastação que causa nas florestas, entretanto, a lenha ainda tem sido utilizada na indústria, em substituição a derivados de petróleo como o óleo combustível, através do aperfeiçoamento da tecnologia de gaseificação da madeira. O carvão vegetal é obtido pela queima de madeira a uma temperatura superior a 400°C, deixando como resíduo um carvão que mantém a forma e a estrutura da madeira, e é constituído quase inteiramente de carbono.

O Brasil é o maior produtor e consumidor de carvão vegetal do mundo, sendo que 70% do carvão vegetal utilizado provém de árvores do cerrado, o que provoca um grande desmatamento. Apenas 30% é obtido por meio do cultivo de eucalipto.

Uma solução barata, e que pode trazer muitos benefícios do ponto de vista ecológico, é a produção de capim-elefante para uso de carvão vegetal, tendo como "fertilizante", na plantação do capim, o esgoto que soluciona um problema ambiental: a poluição dos rios e mares pelo esgoto. Em termos de fibra seca, que é o que interessa para o carvão, a produtividade do capim é muito maior que a da árvore.

4.4. Óleos Vegetais

Extraídos da mamona, do babaçu, do dendê, da soja, do algodão, do girassol e do amendoim, os óleos vegetais constituem uma importante opção estratégica para a redução das importações de petróleo e óleo diesel do país. Hoje esta alternativa não é economicamente viável, devido a seus custos elevados frente ao preço atual do petróleo, com uma produção nacional de escala reduzida, exigindo até mesmo importações sazonais de óleos vegetais para o atendimento de mercados domésticos mais rentáveis.

O óleo vegatal, trata-se de uma opção de interesse estratégico, pois o óleo diesel, único derivado de petróleo sem substituto nacional adequado, é também o mais consumido no país, determinando o alto nível de importações de petróleo, além de ser importado diretamente do exterior, com chances de acidentes no transporte, e mais poluição nos mares, além da emissão de poluentes do navio.

A tecnologia ainda não está bem desenvolvida, e algumas instituições como o CETEC (Centro Tecnológico de Minas Gerais), efetuou, com sucesso, ensaios de emprego de óleos vegetais em motores comprovando a viabilidade tecnológica de seu uso para fins anergéticos.

5. Energia Nuclear

A fissão nuclear é feita através do bombardeamento dos átomos de urânio ou tório - matéria-prima altamente radioativa - por nêutrons, os núcleos dos átomos de urânio fragmentam-se, liberando enorme quantidade de energia. Os nêutrons dos átomos fragmentados, por sua vez, vão bombardear outros átomos, que também se quebram, e assim sucessivamente, numa reação em cadeia. Nas usinas atômicas, a fissão nuclear é provocada sob controle no reator atômico. A energia liberada na fissão produz calor, que vai aquecer uma certa quantidade de água, transformando-a em vapor; a pressão do vapor faz girar uma turbina, que aciona um gerador; este converte a energia mecânica proveniente da turbina em energia elétrica.

Atualmente os países desenvolvidos e também subdesenvolvidos industrializados ou em fase de industrialização investem maciçamente no desenvolvimento e no aprimoramento da tecnologia nuclear.

Os problemas de ordem econômica são que estas possuem, em média, uma duração de apenas 25 anos. Assim, considerando os elevados custos de sua instalação, do desenvolvimento de tecnologia e a pequena quantidade de energia que produzem pode-se questionar se elas são de fato uma boa alternativa energética.

Por conter elevada quantidade de radiação, o lixo atômico (resíduos que ficam no reator, local onde ocorre à queima do urânio para a fissão do átomo) tem que ser armazenado em recipientes metálicos protegidos por caixas de concreto, que posteriormente são lançados ao mar. A radiatividade aí permanece por milhares de anos.

Os acidentes são devidos à liberação de material radioativo de dentro do reator, ocasionado a contaminação do meio ambiente, provocando doenças, como o câncer. Isso não só das áreas próximas à usina, mas também de áreas distantes, pois ventos e nuvens radioativas carregam parte da radiação para áreas situadas a centenas de quilômetro de distância.

No final da década de 60, o governo brasileiro começou a definir o programa nuclear brasileiro, destinado a implantar no país a energia nuclear com o argumento de que por volta do ano 2000 começaria a faltar energia elétrica no país, devido ao esgotamento do potencial hidrelétrico. Em 1974 foi criada a Nucleobrás (Empresas Nucleares Brasileiras S.A.) que ficou responsável pela execução de usinas nucleares.

A usina Angra I, com uma potência de 626MW, começou a funcionar em 1981, mas em seguida foi paralisada por defeitos técnicos. Apenas no final de 1983 é que começou a funcionar, em forma de testes, e seu custo, que havia sido orçado em 300 milhões de dólares, já havia subido para 1,2 bilhão no final de 1983. Além das usinas de Angra II e Angra III, também localizadas na cidade de Angra dos Reis, ainda seriam instaladas duas usinas no litoral de São Paulo, entre Peruíbe e Iguape.

6. Energia do Hidrogênio

Pode ser obtido de diversas fontes energéticas (petróleo, gás natural, eletricidade, energia solar) e sua combustão é não poluente, o produto da combustão é água em forma de vapor d'água, não aparecendo gás carbônico ou o venenoso monóxido de carbono, além de ser uma fonte de energia barata.

Existem vários protótipos de carros nos países desenvolvidos que são movidos a hidrogênio, que gera eletricidade, e descarregam, como água em seus escapamentos. O Laboratório Nacional de Hidrogênio na UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), pesquisou e desenvolveu tecnologicamente a produção, transporte, armazenamento e combustão do hidrogênio.

7. Energia Geotérmica

Energia geotérmica é o calor proveniente do interior do planeta. A principal vantagem deste tipo de energia é a escala de exploração, que pode ser adequada às necessidades, permitindo o seu desenvolvimento em etapas. Uma vez concluída a instalação, os seus custos de operação são baixos.

Já existem algumas dessas centrais encravadas em zonas de vulcanismo, onde a água quente e o vapor afloram à superfície ou se encontram em pequena profundidade. O calor das rochas subterrâneas que ficam próximas a vulcões já supre uma boa porcentagem, chegando a 30%, da energia elétrica consumida nas proximidades do "cinturão de fogo" do Pacífico (área onde ocorre o encontro de placas tectônicas e os terremotos e vulcões são freqüentes).

Alguns outros países, como a Islândia e a Nova Zelândia, aproveitam a energia geotérmica nas áreas onde surgem os gêiseres (normalmente áreas de vulcanismo moderno), que são fontes de água quente (com temperaturas às vezes superiores a 100 ºC): a água, ou o vapor de água, é expelida verticalmente e de forma intermitente, com intervalos que podem variar de horas até semanas.

8. Energia das Marés

Sistema de Maré-motriz é um sistema de geração de energia elétrica no qual se utiliza o movimento de fluxo das marés, que são uma conseqüência da atração que a lua e o sol exercem sobre a terra, para movimentar uma comporta, que está diretamente ligada a um sistema de conversão, proporcionando assim a geração de eletricidade. As marés servem para gerar eletricidade que é obtida a partir do movimento regular, a cada 12 horas de elevação (fluxo) e abaixamento (refluxo) do nível do mar.

Sistema de energia das ondas emprega um conjunto de bóias distantes uns poucos quilômetros da costa, em que se transforma o movimento superficial do mar em eletricidade, através de um tipo de equipamento que entra em contato com o fundo do mar. Calculou-se uma potência de 120 mil MW para a costa ocidental da Grã-Bretanha, mais que o atual consumo elétrico britânico. Não se indica prejuízos ambientais causados por tais instalações
9. Energia Mineral

9.1. Carvão Mineral

O carvão é bastante utilizado tanto para gerar energia elétrica em usinas termelétricas, também como matéria-prima para produzir aço nas siderúrgicas e obtenção do gás de uso doméstico.

O carvão mineral aparece em terrenos sedimentares, especialmente nos dos períodos Carbonífero e Permiano, da era Paleozóica. Existem diferentes tipos de carvão, os que têm maior porcentagem de carbono possuem melhor qualidade como fonte de energia. A turfa é que possui menor teor de carbono; a seguir vem a linhita, depois a hulha, que é o tipo mais abundante e mais consumido no mundo (por volta de 80% do total), e por fim o antracito, o mais puro (95% de carbono).

Calcula-se que as reservas mundiais sejam suficientes para mais de cem anos de consumo, contando com um aumento da procura em torno de 5% ao ano (porcentagem alta e pouco provável). Os recursos mundiais de carvão situam-se provavelmente entre 8 e 10 trilhões de toneladas. Grande parte desse minério estende-se em camadas finas ou profundas demais para serem exploradas.

9.2. Gás Natural

O gás natural é um hidrocarboneto encontrado associado ao petróleo e é constituído principalmente de metano, podendo conter etano. Ele oferece algumas vantagens em relação ao petróleo: é menos poluente, as reservas conhecidas podem durar cerca de 60 anos e estão distribuídas em diversos continentes. Além disso, o custo de geração de energia elétrica, utilizando-se o gás natural, é bem menor em relação a outras fontes.

9.3. Xisto Betuminoso

Denominam-se xisto betuminoso ou pirobetuminoso (piro = fogo) determinadas rochas ricas em betume. O nome pirobetuminoso provém do fato de sua obtenção resultar do aquecimento e separação da rocha, com o objetivo de isolar o betume. O aproveitamento econômico do xisto betuminoso consiste em separar o betume da rocha e produzir a partir dele petróleo sintetizado.

O Brasil possui grandes reservas de xisto pirobetuminoso, localizadas principalmente na formação Irati, área de terrenos sedimentares do período Permiano. As maiores concentrações desse minério estão no município de São Mateus do Sul (PR), onde foi instalada uma usina para processar o xisto. Mas existem inúmeras dificuldades técnicas e ocorrências de poluição a serem superadas.

A composição do xisto brasileiro é variável e, normalmente, o teor de óleo na rocha é inferior a 10%. Assim, cerca de 80 a 90% desse material teria de ser jogado fora após passar pelo aquecimento e separação do betume. Além do mais, o xisto contém de 2 a 3% de sulfeto de ferro, que dá origem a produtos gasosos poluentes, com posterior dissolução e produção de ácidos pelas águas das chuvas - a denominada "chuva ácida" -, pode causar grandes transtornos aos solos agrícolas da região.

10. Breve Histórico da Energia no Brasil

Ä 1883: cidade de Campos (RJ): primeira cidade do Brasil e da América do Sul a receber iluminação pública elétrica, através de uma Termelétrica acionadora de três dínamos com potência de 52KW, fornecendo energia para 39 lâmpadas de 2000 velas cada;

Ä 1889: Juiz de Fora (MG): no rio Paraibuna, a primeira usina Hidroelétrica para serviço de utilidade pública. Além de abastecer Juiz de Fora, fornecia eletricidade para uma fábrica de tecidos;

Ä 1889 E.D.: Exploração do potencial hidroelétrico;

Ä 1892: Utilização de pequeno potencial hidroelétrico em Ribeirão do inferno, afluente do rio Jequitinhonha em Diamantina (MG) fornecendo eletricidade para a mineração;

Ä Década de 70 (1970 E.D.): estudo de fontes alternativas de energia em decorrência da crise do petróleo (guerras entre Irã e Iraque);

Ä 1975: PROALCOOL (Programa Nacional do Álcool);

Ä 1976: Instalação de um biodigestor na granja do Torto, em Brasília;

Ä 1994/1995 - Projeto ELDORADO e PRODEEM (programa de desenvolvimento energético de estados e municípios).

Bibliografia

Ä Januzzi, G.M., Swisher, J. Planejamento Integrado de Recursos Energéticos: Meio Ambiente, Conservação de Energia e Fontes Renováveis. Campinas. Autores Associados. 1997

Ä São Paulo. Secretaria de Economia e Planejamento. Seminário Alternativas de Desenvolvimento: Energia Solar. São Paulo. Sep. 1976

Ä Cometta, E. Energia Solar: Utilização e Empregos Práticos. Trad. Lima, N. P. São Paulo: Hemus. 1978

Ä Ometto, J. G. S. Álcool, Energia da Biomassa: Aspectos Tecnológicos e Econômicos da Produção. São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos, USP. 1993

Ä Myers III, D. O Debate Sobre Energia Nuclear: Questões Morais, Econômicas, Técnicas e Políticas. Trad. Cajado, O. M. São Paulo: Cultrix. 1980]

Ä Simpósio Nacional de Energia, Rio de Janeiro, 24/25 de Outubro, 1977. Energia Tecnologia e Desnvolvimento: Energia Elétrica e Nuclear. Petrópolis: Vozes 1978

Ä Redoschi, D. A. O Setor Elétrico no Brasil: Situação Atual e Perspectivas. São Paulo: FIESP/CIESP. 1987

Ä Couture, J. Energia: Perspectivas Globais: 1985 - 2000. Trad. Prado, L. C. São Paulo: CESP. 1979

Ä Centro da Memória da Eletricidade no Brasil. Panorama do Setor de Energia Elétrica no Brasil. Rio de Janeiro: Centro de Memória da Eletricidade no Brasil. 1988

Ä Vários Autores. Energia no Brasil. Cood. Goldemberg, J. São Paulo: Academia de Ciências do Estado de São Paulo. 1976

Ä Oliveira, R. J. A., Telles, R. V., Barbosa, V. A. M. http://www.terravista.pt/enseada/4804/principal.htm. Goiás: UFG.

Fonte: www.cenedcursos.com.br



Ambientalismo e Direitos Animais:


Presenciamos anualmente muitas ações de organismos ambientalistas estatais (IBAMA, Ministério do Meio Ambiente, secretarias estaduais ambientais etc.) e não-governamentais (Greenpeace, WWF, Sea Shepherd etc.) direcionadas ao combate de crimes ambientais que envolvem opressão de animais não-humanos. Tais atuações vêm comprovando e apontando uma verdade essencial que se aproxima cada vez mais do óbvio dia após dia: ambientalismo e Direitos Animais são movimentos irmãos, possuem uma associação perfeita e inquebrantável, e tentar vê-los ou praticá-los de forma separada será uma encaração sempre incompleta e limitada.

Essa associação é muito rica e, mais que uma relação de causa e efeito entre a exploração animal e crimes ambientais, é uma constatação lógica e uma visão ecológica bem mais abrangente e completa. As duas causas completam-se entre si de tal modo que ações de um lado que deem menor importância ao outro serão apenas enxugamento de gelo.

O primeiro ponto principal que torna ambientalismo e Direitos Animais inseparáveis surge na convergência de ambos em zelar pela fauna. O primeiro vê os animais como parte essencial da biosfera ao lado da flora, dos micro-organismos e dos elementos abióticos e o segundo defende que sua integração à natureza como seres livres e íntegros lhes é um direito inalienável, juntando-se numa proteção excelentemente justificada.

O ambientalismo, quando livre das limitações impostas por visões naturalistas e antropocêntricas, inclui todo o Reino Animal em sua esfera de proteção, passando a abranger também os animais domésticos e os humanos, tendo nesse ponto um importantíssimo respaldo dos Direitos Animais e até fundindo-se com este.

Um movimento ambientalista que, embora pense na preservação ou restauração da integridade da biosfera e na sobrevivência e bem-estar humanos, não inclui a proteção da vida e da integração ecológica de todos os animais à natureza em suas preocupações está atuando de forma logicamente incompleta e segregadora.

O segundo grande fator de encontro das duas causas é o pensamento de que uma sociedade que explora, oprime e assassina animais não-humanos e não considera abandonar essas práticas jamais entrará em comunhão com o meio ambiente nem conseguirá alcançar a sustentabilidade.

Esse ponto é sustentado predominantemente por filosofias espirituais, que consideram impossível uma população humana que se sustenta na violência contra animais e no derramamento de sangue destes conciliar-se com uma natureza que clama por paz, preservação e equilíbrio e tratam tal exploração como uma agressão ambiental por si só.

A terceira associação fundamental entre os dois movimentos, a mais notável e cotidianamente justificada, está nas visíveis e inegáveis ligações entre o crime ambiental e a exploração e/ou matança de animais nas mais diversas situações. São pontos em que, caso a simbiose entre meio ambiente e Direitos Animais não seja levada em consideração, haverá um ativismo sempre incompleto, limitado e até contraditório.

Exploração animal e crime ambiental

Muitas são as ligações em que ora a opressão contra animais não-humanos implicam grandes degradações ambientais ora tragédias ecológicas causam mortes em massa na fauna local, regional ou mesmo global:

a) Pecuária + desmatamento e poluição:

A pecuária invariavelmente representa enormes impactos ambientais. Seja na ocupação de enormes áreas convertidas em pasto, na grande demanda de ração de origem agrícola ou no acúmulo de excreções que precisarão ser dispostas no meio ambiente de alguma forma, a criação rural de animais sempre será um fardo ambiental muito grande.

O exemplo mais célebre esteve na denúncia do Greenpeace, feita em junho de 2009, sobre o desmatamento provocado na Amazônia pela expansão da pecuária bovina. Foi escancarado em rede nacional – e até mundial – o poder destrutivo da pecuária extensiva, a qual vive pela existência de enormes áreas de pastagem, muitas das quais são áreas suprimidas de biomas por desmate.

Também ocorre a liberação de grandes quantidades de gases-estufa, especialmente metano, pela flatulência animal, sendo a criação rural fonte de cerca de 15% do metano, 17% do óxido nitroso e 44% da amônia que são liberados à atmosfera por todas as ações humanas no planeta. (Fonte: FAO)

Vem-se tentando criar métodos “orgânicos” de pecuária, em que os animais receberiam tratamento menos violento, incluindo um abate pretensamente “humanitário” e o convívio harmônico com áreas florestadas. Não é, no entanto, uma medida viável para casos de grande demanda nacional ou mundial nem promete a manutenção de lucros satisfatórios para o agronegócio, sendo praticada hoje mais para atender consumidores que exigem alimentação sem contaminação medicamentosa e com o mínimo de sofrimento animal.

A pecuária intensiva também tem um peso ambiental imenso, uma vez que demanda o plantio de enormes áreas de predominantemente soja e milho – quase sempre também ligado a momentos de desmatamento massivo, conforme o próprio Greenpeace já alertou em 2006 – para alimentação dos animais aprisionados e tem que lidar com a enorme carga de excrementos gerados, em processos que muitas vezes geram severa poluição de corpos d’água e contaminação do solo ou subsolo onde os dejetos são dispostos.

A pecuária, além de promover sofrimento e morte aos animais criados, também é um elemento a gerar forte onerosidade no meio ambiente.

b) Aprisionamento, tratamento proprietário e comercialização de animais + tráfico de animais silvestres:

Nesse caso, há uma ligação ainda mais óbvia que na pecuária entre o tratamento indigno de animais e a criminalidade ambiental. Pode-se observar isso por uma constatação lógica: só existe tráfico de animais silvestres porque existem pessoas interessadas em criá-los presos e dispostas a pagar por eles, e esse tipo de crime só é interessantemente lucrativo porque existe toda uma cultura de tratamento de bichos como mercadorias, como objetos valoráveis em dinheiro, como propriedade.

O comportamento cultural de desejar ter “posse” sobre animais para fins de estimação e ornamentação, ainda mais de espécies exóticas, e a falta de consciência ambiental e respeito à vida animal estimulam fundamentalmente esse comércio criminoso.

Não é preciso muito esforço para ligar os pontos: se nossa sociedade passasse a tratar os bichos como os seres sencientes que são, necessitados de liberdade e dignos de respeito íntegro, e abandonasse a cultura de vê-los como ornamentos e/ou servos afetivos, mercantilizá-los e tratá-los como propriedade, a venda de animais selvagens seria totalmente inviabilizada por falta de demanda e de lucratividade.

Com uma cultura consciente respeitando os animais, o tráfico deixaria de existir; a polícia ambiental, o Ibama e outras entidades seriam poupadas do cansativo esforço de apreendê-los e dar-lhes uma triagem decente; e os ecossistemas não perderiam mais animais para sequestradores interessados em lucrar pela venda de suas vítimas.

c) Escravização de animais selvagens em circos:

Assim como no caso do tráfico de animais silvestres, só existe a supressão da liberdade de bichos selvagens e a consequente “mutilação” do meio ambiente porque há um interesse cultural por trás e uma ausência de valores dedicados ao respeito pela dignidade animal. Donos de circos que exploram animais não-humanos sabem que a plateia gosta de ver bichos exóticos fazendo proezas incomuns para sua espécie e fazem desse gosto um respaldo para o sequestro e adestramento – este quase sempre baseado em acorrentamento, espancamento e humilhação – deles.

A revelação dos maus tratos contra bichos explorados em circos, a subsequente aprovação de leis proibindo a exploração circense dos mesmos e a introdução de uma cultura de respeito à liberdade animal não-humana são providências imprescindíveis para que a natureza deixe de perder tantos de seus habitantes por sequestro.

d) Obtenção de “produtos” de origem animal + dizimação de populações de muitas espécies animais:

O extrativismo animal é inegavelmente uma das maiores causas da ameaça de extinção (ou da própria extinção) da imensa maioria das espécies de animais vertebrados.

Duas perguntas são suficientes para fazer cair a ficha dessa questão:

1) Por que tantas espécies de elefantes, ursos, pandas, tigres, jacarés, raposas, baleias, tubarões, golfinhos, tartarugas, focas etc. estão entrando em extinção? – resposta: em grande parte porque são vítimas de caçadores que procuram extrair a carne de seu corpo ou de parte dele, suas peles, seus marfins, seus chifres, seus dentes, seus ovos, alguns de seus órgãos, algumas de suas secreções...

2) Por que eles extraem carne, pele, órgãos etc. de animais ameaçados de extinção? – resposta: porque há pessoas interessadas em pagar por esses elementos e consumi-los in natura ou em forma processada.

Se não houvesse sociedades cegas aos Direitos Animais apreciando todos esses produtos de origem animal, os caçadores não teriam para quem vender os frutos de seus assassinatos. Se o vegetarianismo pelos animais fosse generalizadamente adotado, as carnes de tubarão, de baleia, de tartaruga e de tantas outras espécies ameaçadas, além dos ovos, não teriam mais valor econômico. Se o veganismo fosse largamente adotado, acabaria a demanda por peles naturais, marfim, secreções animais e qualquer outra matéria-prima dessa origem.

e) Pesca e aquicultura insustentáveis + dizimação de populações aquáticas e ecossistemas litorâneos:

A pesca em grande escala vem se mostrando o pior inimigo dos ecossistemas aquáticos ao lado da acidificação dos oceanos. A população de diversas espécies de peixes em vastas regiões está encolhendo de forma preocupante, como no caso dos bacalhaus do Mar do Norte.

Já se foi o tempo em que a pesca tanto não tinha alternativas alimentícias como não ameaçava o equilíbrio ecológico local. Hoje pensar numa “pesca sustentável” aproxima-se cada vez mais do impraticável, dada a grande demanda mundial por uma carne altamente propagandeada como “saudável”, “nutritiva” e “favorável ao bem-estar e à longevidade”.

De forma diferente mas não menos onerosa ao meio ambiente, a aquicultura também tem um alto custo para a natureza, predominantemente o desmatamento de ecossistemas costeiros e o aterramento de terras desmatadas. A devastação de manguezais e estuários, sendo estes berçários de parte da vida marinha e fluvial, também é um notável contribuinte do esvaziamento da fauna aquática.

Numa visão realista, apenas uma solução é plausível para que o massacre pesqueiro e aquicultor deixe de ameaçar a vida dos rios, lagos, estuários, oceanos e biomas costeiros: o consumo médio de “frutos-do-mar” teria que diminuir muito, sendo a adoção difundida da alimentação vegetariana – solução dada pelo movimento dos Direitos Animais –, providência mais simples e realizável que uma diminuição generalizada do peso da carne individualmente consumida – alternativa que inevitavelmente se chocaria contra a preocupação dos onívoros com a “boa saúde” prometida pela indústria de pescado.

Desastres ambientais e consequências na vida animal

Da mesma forma que a assimilação dos Direitos Animais se fazem imprescindíveis para um ambientalismo mais lógico, consistente e abrangente, a encaração de fatores ambientais também potencializa a preocupação com o Reino Animal. Assim como problemas sociais como a miséria e a violência comprometem os Direitos Humanos, tragédias ecológicas também atentam contra os Direitos Animais.

Dois pontos são mais notórios na relação entre a luta contra males ambientais e a defesa da integridade animal:

a) Poluição de corpos d’água + mortandade de animais:

A poluição industrial e naval causa invariavelmente incontáveis mortes de animais, predominantemente aquáticos. Nesse ponto, o ambientalismo “injeta” nos Direitos Animais uma preocupação mais apegada à ecologia, tornando-os um movimento mais abrangente e completo. A compreensão das duas causas como inseparavelmente integradas deverá tornar mais acentuadas as preocupações sobre esse tipo de desastre e, consequentemente, potencializar as exigências por providências contra a poluição de corpos d’água com a adesão dos movimentos de defesa animal a tal cobrança.

Também será perceptível que uma empresa que adota valores de respeito aos Direitos Animais e assim se preocupa com a vida e integridade da fauna que é afetada por suas atividades terá mais pressa em adotar um sistema de gestão ambiental que interrompa o lançamento de poluentes.

b) Aquecimento global + extinções em massa:

O aquecimento global, segundo os noticiários de todo o mundo, vem extinguindo populações de numerosas espécies de bichos e ameaçando a existência de tantas outras. Uma visão que combine ambientalismo e Direitos Animais irá, assim como na visão da poluição de massas d’água, encarar de forma mais exigente e empenhada as providências destinadas à minimização das desastrosas consequências.

A integração da defesa animal à cobrança por soluções destinadas à detenção do aumento da temperatura atmosférica também irá minimizar as visões ambientais antropocêntricas que enfocam a preocupação das pessoas com as mudanças climáticas nas consequências a serem sentidas pela humanidade e diminuem a importância do que a biosfera está e estará sentindo.

Muito embora seja praticamente uma questão de lógica enxergar a associação entre fatores ambientais e a integridade dos animais não-humanos, essa visão ainda vem sendo insistentemente ignorada pela maioria das organizações de proteção ambiental mais importantes do Brasil e do mundo, como Greenpeace, WWF e IBAMA.

Ainda se insiste tanto em aconselhar uma atitude ambiental sem a abrangência de mudanças significativas ou abandono de hábitos-chave como o consumo de produtos de origem animal como em promover repressão policial sem uma política paralela de conscientização por mudança de valores culturais.

É o que se vê quando, por exemplo:

O Greenpeace, mesmo numa cruzada contra a bovinocultura amazônica ilegal, ainda aconselha apenas uma compra mais seletiva de carne bovina – uma atitude que corre o risco de estimular a expansão da pecuária e consequente degradação ambiental em outras regiões brasileiras – em vez de recomendar a interrupção total do seu consumo;

A mesma ONG e a WWF, mesmo enxergando a pecuária, a pesca e a aquicultura como potenciais inimigas do meio ambiente de todo o planeta, ignoram o veg(etari)anismo como uma contribuição individual excelente ao combate e oposição às degradações por elas causadas e, ao invés, continuam aconselhando um “consumo responsável” de derivados animais;

O Sea Shepherd hesita em exortar a população a adotar um hábito de consumo livre de derivados de origem animal como providência válida para todas as campanhas contra a matança de qualquer espécie de qualquer lugar do mundo e, ao invés, recomenda apenas o boicote temporário de produtos extraídos de animais de determinadas espécies assassinados em específicas localizações e períodos;

O IBAMA, junto a alguma polícia ambiental, apreende animais silvestres tantas vezes num ano e não vê que a raiz do mal do tráfico está na cultura que trata a vida animal não-humana como um objeto ornamental, possuível e valorável em dinheiro e cria demanda para o comércio criminoso.

Casos como esses mostram que uma visão ambientalista desassociada dos Direitos Animais promove uma luta incompleta e de eficácia limitada e faz apenas enxugamento de gelo.

Da mesma forma, é necessário que entidades de proteção animal incluam entre suas reivindicações o combate a males ambientais, como poluição, para evitar mortandades, sob pena de sua defesa também ser menos que completa.

Está cada vez mais difícil de ignorar que o ambientalismo e os Direitos Animais são movimentos inseparáveis e mantêm uma associação lógica. Um ambientalismo completo faltará com lógica se não defender todos os animais ao lado das vidas silvestres e humanas. Hábitos violentos tornam uma sociedade incompatível com a sustentabilidade e o equilíbrio ecológico. Agressões contra animais levam a crimes ambientais e desastres ecológicos provocam tragédias animais.

Ou a sociedade e as organizações que lideram sua conscientização fazem esse ajuste tão necessário em seus fundamentos ou correrão o risco de estar promovendo sempre uma luta com limitações e contradições e até de não ser bem-sucedidas na construção do mundo melhor que defendem.

Robson Fernando

Fonte: www.artigos.com


A Mentira e A Inveja


A Psicologia nos ensina que todo ladrão mente e quase todo mentiroso rouba. A mentira e o roubo seriam, pois, faces de uma moeda viciosa. Quando rouba, o larápio não busca apenas um objeto, pois o que o move é apropriar-se das qualidades da pessoa lesada. É como o Tupinambá em seu festim canibalístico que, ao devorar seu inimigo, imaginava adquirir suas qualidades, sorte e bravura.

Assim, o malfeitor se engrandece com a imaterialidade do objeto furtado, pois são as qualidades do dono que ele busca em seus bens. Trata-se de uma atuação mágica, primitiva. Por outro lado, ninguém consegue impedir o larápio de mentir porque, quando o faz, ele rouba do outro a sua percepção da realidade, a sua consciência. É a mesma compulsão.

Podemos dizer, então, que nas carências da alma estão as motivações do roubo e da mentira, das quais resultam sentimentos de grandeza e onipotência no intimo de seus praticantes. Como diriam nossos adolescentes, ao enganar e furtar, o pobre de espírito “se acha”, sentindo-se igual ou superior àqueles que lesa, engana. Sabe-se ainda que o “olho grande” marca sua alma. Por carregar nela um contínuo sentimento de menos-valia, a inveja o aflige diuturnamente. Assim, a riqueza material ou espiritual alheios o atormentam, mobilizando suas iras e ações para levar privação e dor ao outro.

Fonte: www.campogrande.news.com.br


Jogos Matemáticos


Dentre os teóricos que contribuíram para o jogo se tornar uma proposta metodológica - com base científica - para a educação matemática, destaca as contribuições de Piaget e Vygostsky. Mesmo com algumas divergências teóricas, estes autores defendem a participação ativa do aluno no processo de aprendizagem. A principal questão é a que separa os enfoques cognitivos atuais entre o desenvolvimento e a concepção de aprendizagem. Segundo Piaget, a atividade direta do aluno sobre os objetos do conhecimento é o que ocasiona aprendizagem - ação do sujeito mediante o equilíbrio das estruturas cognitivas, o que sustenta a aprendizagem é o desenvolvimento cognitivo.

A aprendizagem está subordinada ao desenvolvimento. Nesta concepção de aprendizagem "... o jogo é elemento do ensino apenas como possibilitador de colocar o pensamento do sujeito como ação. O jogo é o elemento externo que irá atuar internamente no sujeito, possibilitando-o a chegar a uma nova estrutura de pensamento" (Moura, 1994, p. 20). Dependendo do papel que o jogo exerce na construção dos conceitos matemáticos, seja como material de ensino, seja como o de conhecimento feito ou se fazendo, tem as polêmicas teóricas entre os autores. Na concepção Piagetiana, o jogo assume a característica de promotor da aprendizagem da criança. Ao ser colocado diante de situações de brincadeira, a criança compreende a estrutura lógica do jogo e, conseqüentemente, a estrutura matemática presente neste jogo.

A operacionalização e análise destas idéias podem ser feitas em Kami & Declark (1994, p. 169). Segundo essas autoras, os "jogos em grupo fornecem caminhos para um jogo estruturado no qual eles [os alunos] são intrinsecamente motivados a pensar e a lembrar as combinações numéricas. Jogos em grupo permitem também que as crianças decidam qual jogo elas querem jogar, quando e com quem. Finalmente, esses jogos incentivam interação social e competição". Para Vygotsky, o jogo é visto como um conhecimento feito ou se fazendo, que se encontra impregnado do conteúdo cultural que emana da própria atividade. Seu uso requer um planejamento que permite a aprendizagem dos elementos sociais em que está inserido (conceitos matemáticos e culturais).

O jogo desempenha um papel importantíssimo na Educação Matemática. "Ao permitir a manifestação do imaginário infantil, por meio de objetos simbólicos dispostos intencionalmente, a função pedagógica subsidia o desenvolvimento integral da criança" (Kishimoto, 1994, p. 22). Através do jogo, temos a possibilidade de abrir espaço para a presença do lúdico na escola, não só como sinônimo de recreação e entretenimento. Muito mais do que um simples material instrucional, ele permite o desenvolvimento da criatividade, da iniciativa e da intuição. Enfim, do prazer, elemento indispensável para que ocorra aprendizagem significativa. Ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Nós como educadores matemáticos, devemos procurar alternativas para aumentar a motivação para a aprendizagem, desenvolver a autoconfiança, a organização, concentração, atenção, raciocínio lógico-dedutivo e o senso cooperativo, desenvolvendo a socialização e aumentando as interações do indivíduo com outras pessoas. Os jogos, se convenientemente planejados, são um recurso pedagógico eficaz para a construção do conhecimento matemático.

Referimo-nos àqueles que implicam conhecimentos matemáticos. Vygotsky afirmava que através do brinquedo a criança aprende a agir numa esfera cognitivista, sendo livre para determinar suas próprias ações. Segundo ele, o brinquedo estimula a curiosidade e a autoconfiança, proporcionando desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção. O uso de jogos e curiosidades no ensino da Matemática tem o objetivo de fazer com que os adolescentes gostem de aprender essa disciplina, mudando a rotina da classe e despertando o interesse do aluno envolvido.

A aprendizagem através de jogos, como dominó, palavras cruzadas, memória e outros permite que o aluno faça da aprendizagem um processo interessante e até divertido.

Para isso, eles devem ser utilizados ocasionalmente para sanar as lacunas que se produzem na atividade escolar diária. Neste sentido verificamos que há três aspectos que por si só justificam a incorporação do jogo nas aulas. São estes: o caráter lúdico, o desenvolvimento de técnicas intelectuais e a formação de relações sociais. Jogar não é estudar nem trabalhar, porque jogando, a aluno aprende, sobretudo, a conhecer e compreender o mundo social que o rodeia.

Os jogos são educativos, sendo assim, requerem um plano de ação que permita a aprendizagem de conceitos matemáticos e culturais de uma maneira geral. Já que os jogos em sala de aula são importantes, devemos ocupar um horário dentro de nosso planejamento, de modo a permitir que o professor possa explorar todo o potencial dos jogos, processos de solução, registros e discussões sobre possíveis caminhos que poderão surgir. Os jogos podem ser utilizados pra introduzir, amadurecer conteúdos e preparar o aluno para aprofundar os itens já trabalhados.

Devem ser escolhidos e preparados com cuidado para levar o estudante a adquirir conceitos matemáticos de importância. Devemos utilizá-los não como instrumentos recreativos na aprendizagem, mas como facilitadores, colaborando para trabalhar os bloqueios que os alunos apresentam em relação a alguns conteúdos matemáticos. ''

Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de matemática é a possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem a Matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la.

Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo tempo em que estes alunos falam Matemática, apresentam também um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem. '' (Borin,1996,9). Segundo Malba Tahan, 1968, ''para que os jogos produzam os efeitos desejados é preciso que sejam de certa forma, dirigidos pelos educadores''.

Partindo do princípio que as crianças pensam de maneira diferente dos adultos e de que nosso objetivo não é ensiná-las a jogar, devemos acompanhar a maneira como as crianças jogam, sendo observadores atentos, interferindo para colocar questões interessantes (sem perturbar a dinâmica dos grupos) para, a partir disso, auxiliá-las a construir regras e a pensar de modo que elas entendam. Podemos afirma que ''o jogo aproxima-se da Matemática via desenvolvimento de habilidades de resoluções de problemas''.

Devemos escolher jogos que estimulem a resolução de problemas, principalmente quando o conteúdo a ser estudado for abstrato, difícil e desvinculado da prática diária, não nos esquecendo de respeitar as condições de cada comunidade e o querer de cada aluno. Essas atividades não devem ser muito fáceis nem muito difíceis e ser testadas antes de sua aplicação, a fim de enriquecer as experiências através de propostas de novas atividades, propiciando mais de uma situação.

Os jogos trabalhados em sala de aula devem ter regras, esses são classificados em três tipos:

1. Jogos estratégicos, onde são trabalhadas as habilidades que compõem o raciocínio lógico. Com eles, os alunos lêem as regras e buscam caminhos para atingirem o objetivo final, utilizando estratégias para isso. O fator sorte não interfere no resultado.

2. Jogos de treinamento, os quais são utilizados quando o professor percebe que alguns alunos precisam de reforço num determinado conteúdo e quer substituir as cansativas listas de exercícios. Neles, quase sempre o fator sorte exerce um papel preponderante e interfere nos resultados finais, o que pode frustrar as idéias anteriormente colocadas.

3. Jogos geométricos, que têm como objetivo desenvolver a habilidade de observação e o pensamento lógico.

Com eles conseguimos trabalhar figuras geométricas, semelhança de figuras, ângulos e polígonos. Os jogos com regras são importantes para o desenvolvimento do pensamento lógico, pois a aplicação sistemática das mesmas encaminha a deduções. São mais adequados para o desenvolvimento de habilidades de pensamento do que para o trabalho com algum conteúdo específico. As regras e os procedimentos devem ser apresentados aos jogadores antes da partida e preestabelecer os limites e possibilidades de ação de cada jogador. A responsabilidade de cumprir normas e zelar pelo seu cumprimento encoraja o desenvolvimento da iniciativa, da mente alerta e da confiança em dizer honestamente o que pensa. Os jogos estão em correspondência direta com o pensamento matemático.

Em ambos temos regras, instruções, operações, definições, deduções, desenvolvimento, utilização de normas e novos conhecimentos (resultados).

O trabalho com jogos matemáticos em sala de aula nos traz alguns benefícios:

  • conseguimos detectar os alunos que estão com dificuldades reais
  • o aluno demonstra para seus colegas e professores se o assunto foi bem assimilado
  • existe uma competição entre os jogadores e os adversários, pois almejam vencer e para isso aperfeiçoam-se e ultrapassam seus limites
  • durante o desenrolar de um jogo, observamos que o aluno se torna mais crítico, alerta e confiante, expressando o que pensa, elaborando perguntas e tirando conclusões sem necessidade da interferência ou aprovação do professor
  • não existe o medo de errar, pois o erro é considerado um degrau necessário para se chegar a uma resposta correta
  • o aluno se empolga com o clima de uma aula diferente, o que faz com que aprenda sem perceber.

Mas devemos, também, ter alguns cuidados ao escolher os jogos a serem aplicados:

  • não tornar o jogo algo obrigatório
  • escolher jogos em que o fator sorte não interfira nas jogadas, permitindo que vença aquele que descobrir as melhores estratégias
  • utilizar atividades que envolvam dois ou mais alunos, para oportunizar a interação social
  • estabelecer regras, que podem ou não ser modificadas no decorrer de uma rodada
  • trabalhar a frustração pela derrota na criança, no sentido de minimizá-la
  • estudar o jogo antes de aplicá-lo (o que só é possível, jogando).

Temos de formar a consciência de que os sujeitos, ao aprenderem, não o fazem como puros assimiladores de conhecimentos mas sim que, nesse processo, existem determinados componentes internos que não podem deixar de ser ignorados pelos educadores. Não é necessário ressaltar a grande importância da solução de problemas, pois vivemos em um mundo o qual cada vez mais, exige que as pessoas pensem, questionem e se arrisquem propondo soluções aos vários desafios os quais surgem no trabalho ou na vida cotidiana.

Para a aprendizagem é necessário que o aprendiz tenha um determinado nível de desenvolvimento. As situações de jogo são consideradas parte das atividades pedagógicas, justamente por serem elementos estimuladores do desenvolvimento. É esse raciocínio de que os sujeitos aprendem através dos jogos que nos leva a utilizá-los em sala de aula. Muitos ouvimos falar e falamos em vincular teoria à prática, mas quase não o fazemos. Utilizar jogos como recurso didático é uma chance que temos de fazê-lo.

Eles podem ser usados na classe como um prolongamento da prática habitual da aula.

São recursos interessantes e eficientes, que auxiliam os alunos. A seguir, apresentamos um exemplo de um jogo de adivinhação do número pensado. Essas atividades são problemas aritméticos disfarçados, baseadas no desenvolvimento de expressões matemáticas que levam a uma identidade ou igualdade algébrica a qual verificamos sempre, para qualquer valor da variável que contenha a expressão. A atividade a seguir reforça o cálculo mental a permite aplicar as propriedades dos números.

Entre os recursos didáticos citados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) destacam-se os ''jogos''. Segundo os PCN, volume 3, não existe um caminho único e melhor para o ensino da Matemática, no entanto, conhecer diversas possibilidades de trabalho em sala de aula é fundamental para que o professor construa sua prática.

''Finalmente, um aspecto relevante nos jogos é o desafio genuíno que eles provocam no aluno, que gera interesse e prazer. Por isso, é importante que os jogos façam parte da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a potencialidade educativa dos diferentes jogos e o aspecto curricular que se deseja desenvolver'' (PCN, 1997,48-49). Entendemos, portanto, que a aprendizagem deve acontecer de forma interessante e prazerosa e um recurso que possibilita isso são os jogos.

Miguel de Guzmán, 1986, expressa muito bem o sentido que essa atividade tem na educação matemática: ''O interesse dos jogos na educação não é apenas divertir, mas sim extrair dessa atividade matérias suficientes para gerar um conhecimento, interessar e fazer com que os estudantes pensem com certa motivação''.

Fonte: www.pr.senai.br